sábado, 25 de abril de 2009

Uma noite com os excluidos (Parte 1)

Desci as 8:40 na estação Luz, no meio de um monte de gente, estranha, confusa, vindo do trabalho cansadas, entre meretrizes e garotos de rua, lá vou eu a minha primeira jornada com os excluídos, saio da maravilhosa obra arquitetônica que é a estação da luz sentido a cracolândia, deparo com a linda paisagem, muito bem iluminada de um lado, do outro vejo o lixo e o abandono, algumas garotas de programa, olham para mim, como que querendo se oferecer, continuo andando a Duque de Caxias, na frente da imponente estação Julio Prestes me deparo com uma briga, um homem com um pedaço de pau na mão atacando um descamisado, separados por uma mulher a poucos metros da guarita policial, pra revolta de alguns inclusive a minha a policia nada fez para dispensar os arruaceiros que foram acalmando os ânimos, bem entrei na barão de Rio Branco, e na de achar o local, passo pelo local e nada de achar o ponto de pregação, entro na rua Vitoria, depois de perguntar pra um rapaz que minha confiança acusou como confiável, meu Deus o cara me mandou pra dentro da Cracolândia, nada de policia no momento só vejo um monte de gente, vendendo usando, negociando, um agito parecido com o da bolsa de valores, arregalei meu olhos, segurei bem forte a mochila, se alguém me visse naquela situação pensariam “olha o Thiago ta doidão” tive que me fazer de louco por medo, senti-me um covarde, mas sozinho eu não ia conseguir nada, continuei procurando e uma raiva dentro de mim enorme – poxa meu você anda isso aqui, conhece tudo – ai eu vi que não nada que os lugares por onde ando, são sempre de dia, bem iluminado com um ou outro mendigo dormindo nos cantos, pois a vida deles é a noite. Parei em frente uma guarita policial fui pedir informação para o nosso homem da lei, que só me colocou mais pra baixo ainda, não sabia onde era a rua, e ainda me deu um conselho – toma cuidado os “cara” ta roubando geral fica esperto – seguindo o conselho do homem da lei continuei andando de volta ao lugar de onde eu tinha vindo. Pedi informação e vi que a rua era no começo de onde minha jornada, tive a chance de passar pela cracolândia sozinho, ver com os meus olhos a podridão daquele lugar.
Achei a igrejinha, uma loja simples, com umas cadeirinhas de banco, escuto som de palmas e penso – povo de Deus esta aqui – sigo o barulho das palmas e quando vejo na porta minha mãe me esperando, ela abre um sorriso grande ao me ver, falo que havia me perdido, conheço alguns irmãos que apresentado pela minha mãe se tornam meus irmãos também, conheço o Sr. Luis um homem que passou vinte anos nas ruas da cracolândia e conhece como ninguém aquele lugar, conheço o Junior uma benção e a Sú uma moça recuperada daquele lugar, só pela graça de Deus... Continua.

Nenhum comentário: